O INSTANTE DO GOL
Sei exatamente como nasce o momento do grito
entre a confusão das cabeças
entre o corpo e a carne
o autêntico silêncio instantâneo e o apito...
Contextualiza-se o drible
antes do intento do corpo
dramatiza-se a profusão das almas que torcem
a ação é irrepreensível
o momento é de doação
forças desnorteiam a raça de um trem.
A bola é real e atravessa o mundo
e os lutadores inflam-se de barbatanas negras
a agonia é bruta o instante é teatral
antecipa-se a dualidade do vôo do bumerangue
decifra-se a nudez do eco do peito
o instável grito das gotas de sangue.
Por fim,
o filho parido às pressas
sobe feroz e secreto.
A visão ortogonal e sem definição
sobe explodindo o ar incluso de um pulmão
um gesto alto dos deuses
um forte brilho, uma emoção
uma viagem atômica no momento da arrebentação...
A fé é inquestionável
resultado compreensível.
No estádio emparedado, o grito ecoou...
Ouço o baque, o tiro, o epicentro
e o estampido pleno do gol.
O jogo é resultado da força que o sêmen jorrou.
A tela é o cerimonial da comemoração
o gol está grávido do gol
gol é gol
não importa se envelheci,
apenas resta o medo de saber de que lado permanece
a célula de quem o marcou...
Gol. Gol. Gol. Golllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllll...
Quero a verbalização do momento, o difuso do lírico e a semântica das palavras. Não preciso materializar a linguagem nem entender a ausência dos fatos, mas tecer um breve inventário de sentimentos do que me esvazia a alma e da totalidade das poesias do universo. Os elementos são claros, a penumbra que se transforma em metáfora é o que me faz mais lúcido e o enigma no entorno do poema é que me faz caminhar rumo ao futuro...Quero mais que isso, escrever poesias...
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